Thursday, January 06, 2011

Das...

Você pediu o que não pude dar e agora tenho que me lembrar
das grades de alumínio que impedem a queda
das rotas empoeiradas que conduzem a nada
das telas iluminadas que paralisam a ação
das cordas soltas que pressionadas liberam o som
das rodas de batucada que mantém a levada
dos rostos empoleirados esperando a explosão...
dos fogos de artifício que marcam a entrada
do ano que se chega sorrateiro como um leão
do norte que é do sul ao sol na longa estrada
da falta de senso que dirige a falta de direção
da loucura que em si é só o que é são
do cotidiano que entra dia e sai ano continua como tudo então
do tempo que tortura o espaço como uma piada
da vida que segue em frente como quem leva uma porrada
dos tipos que em vez de ser querem bater em retirada
dos homens que falam, falam e não lavam a boca com sabão
dos livros que nunca abertos enfeitam estantes empoeiradas
dos sonhos que nunca tardam mas sempre levam a aspiração
das botas enlameadas que não pisam o chão
das letras que em harmonia acabam virando em canção
dos que seguem trilhas alheias pra entrar na contra-mão
dos poemas toscos em fracasso e lassos em inspiração
das falas desesperadas jogadas ao ar em vão...

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